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22 de out. de 2016

O DEUS GREGO!

Quando Deus fez os sentimentos humanos, criou o amor o melhor de todos.
Com pena ficou, daqueles que pelas circunstâncias são separados.
Generoso e sábio, criou as lembranças para não nos deixar desamparados.
Com elas, nos alimentamos e somos saciados, até o retorno do amado.
São detalhes, ângulos, falas, sorrisos e gestos.
Que nos atingem feito protesto, ficam perguntas no ar.
Lamentos e lágrimas a derramar, uma revolta que não quer calar.
Onde está o meu deus grego para me acompanhar?
Lindo és da cabeça aos pés, não sei por onde começar.
Cabelos negros, como as noites sem luar.
Maciez em minhas mãos a navegar.
Rosto forte de guerreiro, menino cansado, querendo colo para ninar.
Sisudo, sério, cheio de mistério, olhar profundo e sensual.
De quem não pede, tomar é o seu habitual.
Olhos cheios de ternura, doces, meigos, que sabem penetrar.
Desnuda e deseja, entre um abrir de olhos a piscar.
Orelhas, que pedem segredos, silenciosas se colocam a escutar.
Tudo o que for para lhe agradar, cochichos, gemidos, sons a abafar.
Nariz perfeito, digno dos cheiros mais preciosos.
Como o corpo da amada suada, cheiro de terra molhada.
Ah! E a boca! Oásis de beijos a ofertar, matando a sede com gostos a variar.
Gosto de ânsia! Gosto de pressa! Gosto de gostar.
Boca! Macia que cala ou pronuncia, o que a amada quer escutar.
Boca que canta e encanta, a galantear.
Boca que enlouquece, quando pede sem falar.
Queixo! Com barba por fazer, no pescoço passeia, na nuca faz gemer.
Ombros!, porto seguro de toda mulher, consola e afaga.
Guardando-a de todo mal qualquer.
Braços, extensões da mente, que só pensa em aprisionar.
Ninho quente e macio, do qual não se quer voar.
Peito, cama dos deuses, pronta a receber e se ocupar.
Madorna aconchegante, descanso da amante.
No balanço do arfar.
Barriga, início do caminho, segredo a desbravar.
O paraíso que me faz sonhar. Teu sexo, refúgio dos meus desejos.
Caixa de Pandora, que o tempo faz parar.
Como é bom contigo namorar e amar.
Pernas, que me dominam, enlaçam, apertam, e eu desatino.
Poderosas colunas que me guardam e agradam.
Esfregando-se mansinho, qual gato no cio.
Quieta fico, sentindo o arrepio.
Pés, que sustentam o meu peso, quando me pegas e encaixas.
No teu colo, como menina que levas a passear.
Num giro louco e frenético, em teus braços a me acabar.
És todo assim, perfeito do início ao fim.
Fonte inesgotável do meu prazer.
Mais o que mais admiro em ti, é essa alma inteligente e astuciosa.
Que reúne força e ternura, num mesmo ser.
E que sempre me entregas, quando chega o anoitecer...

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