Pintura de Duffy Sheridan
Neste mundo louco, padronizado.
Menino veste azul, ela rosa, o resto é “viado”.
Gostar de bola, futebol, está errado.
Brincar, só de panela e comidinha.
É vestibular para a cozinha.
Se tiver opinião, língua solta e comprida.
Logo toma sabatina.
Que coisa feia e sem modos.
Menina, fecha as pernas pra sentar.
Senão vai apanhar.
Quem brinca com garoto é Maria homem.
Nem pião ou bola de gude.
Vai é costurar!
São regras e mais regras anormais.
Como se criança tivesse antecedentes criminais!
Infância é o doce da vida.
Passa tão rápido, quase despercebida.
Talvez dez por cento ou menos, o resto é só lida.
Que mal há em querer tudo aproveitar?
Jogos são jogos é de quem jogar.
Não existe gênero no prazer de ser infantil.
Pipa, corda, rolimã, o que vale é que se está sã!
Só não gosta de brincar, criança que doente está.
Aí é um Deus nos acuda!
E a mãe fingindo ser sisuda.
Diz meio sem graça, olhando a praça.
Fica boa logo guria, já que rolam as gudes na guia.
Larga de ser menininha, vai pra rua brincar.
Volta suja e encardida.
Mas sai dessa cama e aproveita a vida!
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