Todas as vezes que chover,
saberás que são lágrimas de minh'alma.
Lavando toda a dor, que permiti me fazeres.
De covardia em covardia, bates sem mão,
no meu rosto invisível.
Por odiar o mundo que maltrata.
Não me poupas e mata.
Sabes como ninguém, esperar, magoar.
Mas o céu, não se conforma e a ti cobra.
Nuvens escuras sobre tua cabeça,
preparando tua noite.
De olhos abertos, me sentes por perto.
Cores cinza chumbo a negro é o teu desprezo
e também a minha dor.
Repudias de forma sutil e mordaz,
minha bandeira de paz.
Dia vem e a chuva cairá,
te lembrando o que é amar.
Molhando com calma, encharcando tua alma
do meu pesar.
Perdestes meu respeito por me ignorar.
Fazendo-me nada, me tornastes tudo.
Sigo meu caminho turvo, muda,
colhendo as pedras, aqui e acolá.
Que me jogas a esmo,
sem saber sequer
que ainda sou uma mulher.
Sensível, doída, cansada de apanhar da vida
e por mais uma vez agredida.
Começa a chover e para o céu olhas!
São pingos, gotas, um a um que te tocam o corpo, perguntando por mim.
Que motivos tem, para tanto desdém?
Tratas na rua o cão sarnento com maior alento.
Não o chutas, nem o ignora como fazes agora.
Pois que a sociedade te cobra, comportamento atento.
De um ser civilizado, educado, padronizado.
Mas no ar fica solto, o teu lado coxo,
e usas comigo como a um inimigo.
Que te fiz, de tão grave assim?
Rotulaste-me como a um veneno mortal,
que pra ti só faz mal...
Eu que sinto por tua alma um amor sem igual.
Olho no tempo do Universo,
nossas vidas felizes, agora o inverso.
Devolves-me todo o teu desalento.
Que por culpa, tenho certeza,
de minha parte não houve empenho.
Chove e de mim lembrarás,
que aqui já não mais.
Um dia, após minha partida,
consigas talvez feliz viver.
Pois nesta terra, mais nenhum mal
irei te fazer.
Terás todo o orbe pra ti,
usufruindo o que quiser...
Tornou-se pequeno demais para nós dois.
Como homem e mulher...
Me ensinastes e aprendi.
O bem dos outros, vem na frente
dos meus interesses.
Meu amor é assim.
Então que sejas feliz.
Mas sem mim!
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