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3 de dez. de 2020

NOS TEUS BRAÇOS

Nos teus braços...

Tem dias que fico pequena;

Vou me encolhendo;

Para me defender das surras que a vida dá.

Tenho medo de acabar tão miúda;

Ao ponto de ficar invisível.

De sumir dentro de mim mesma.

De não mais me achar. 

Nessa hora lembro do teu abraço.

Só o que me restou.

E dele me alimento e fortaleço. 

Quem dera, meu Deus.

Na minha pequenez.

Pudesse o vento me levar.

Para onde você está. 

Com força, batesse no teu peito.

Para de lá, nunca mais desgrudar.

Encolhida e protegida ficaria.

Até o teu amor, meu tamanho aumentar.

Nos teus braços...

Forte de novo cresceria.

Sob o teu olhar. 

A beleza do amor;

Está nos olhos que o refletem.

Está na alma que o cria.

Está no ser que o sente. 

É um pássaro livre.

Que voa para onde lhe apraz.

Que pousa.

Onde o encaixe é naturalmente.

Traçado pelo sentimento recíproco.

Que nunca se desfaz.

Izabel Gonçalves.

 


Poema - Esperar esperando.


Caneladas do amor.


CANELADAS DO AMOR

CANELADAS DO AMOR.

A vida consiste numa eterna busca do amor perfeito.

Procuramos na literatura, nos filmes, nos autores.

O caminho é longo e se aperfeiçoa no aprendizado.

É jornada de um insatisfeito, totalmente imperfeito.

Caminhante desertor, por vezes, do amor opositor.

Fingimos ser civilizados, mas não somos realizados.

Todos sentimos falta e queremos ser eleitos.

Por isso quando achamos, colocamos defeitos.

Ninguém quer compartilhar ou se expor.

Convenhamos, amar e supor-se amado.

É um estado mimado, mal acostumado.

É torpor de um sentimento tresloucado.

Sob o qual nos colocamos inteiramente ao dispor.

Nessa busca desvairada e imperfeita.

Ao encontrarmos, damos graças por sermos aceitos.

Entre erros e defeitos, caneladas e tropeços.

Alguém nos enxergou perfeitos.

Para um grande recomeço.

Izabel Araújo

03/12/20


24 de set. de 2020

Rod Stewart & Amy Belle - I Don't Want to Talk About It


A Constelação de Leão.


A Constelação de Leão.  

Este não é um leão comum, tão pouco rei, passa longe da história do Rei Leão dos cinemas. Essa história começa na África, numa noite de lua cheia, onde os astros se alinharam de uma forma misteriosa, o céu estava iluminando tudo ao seu redor, dando sinais que algo aconteceria com o passar do tempo.  

O enorme leão, observava atento aos sons da savana, embaixo de um pé de acácia, como a arborização era escassa, ali seria um bom local de descanso. Levantou sua enorme cabeça para sentir no ar, todo e qualquer cheiro que pudesse lhe avisar do perigo. Sentiu algo diferente, como se as narinas o levassem para bem longe, talvez um passado de sua linhagem.

Ecoavam em sua memória, fatos, visões e pequenas lembranças de seus antepassados. Serenamente ouviu no fundo do seu ser, uma voz que lhe chamava por Anima... não distinguia a pronuncia, se era Anima ou Ânima. 

Sentia algo familiar, como um sopro, um ar passando por suas grandes orelhas, quem sabe uma brisa gelada.

Só podia ser sua avó, a grande e velha mãe, que a todos cuidava para que sua jovem mãe pudesse caçar. Tellus a sábia avó leoa, ensinou tudo a Anima e seus irmãos, foi Tellus que lhe disse a origem do seu nome. Significava exatamente o que sentia nesse momento, “um sopro, um ar, uma brisa”. 

Anima começara a lembrar mais forte, a noite gelada lhe batia na face com memórias de um tempo feliz, continuou a rever a infância.

Viu que Tellus era a terra, aquela que cuidava de tudo, sua avó, por parte de mãe. Seus olhos se iluminaram ao rever a imagem da própria mãe, Vita lhe veio à mente, uma leoa feroz nas lutas por alimento e doce como a vida, por isso o nome maternal Vita, era a origem de Anima, aquela que lhe deu vida. Através do ar, soprado feito brisa em seus pulmões. 

Vida... Vita! Princípio vital, alma, algo que não se pode tocar, mas existe, anima e dá ânimo ao corpo do grande leão. 

Anima fitava o céu, sentia um prazer em rever fatos que lhe marcaram fortemente o coração. Num repente recordou seu pai, que nas práticas de caça, se aborrecia com o erro ao cerco da vítima, isso custaria fome por vários dias ao bando todo. Com olhar sisudo chamava o filho de Ânima, cuja entonação destoava e muito do Anima dito por sua mãe Vita tão carinhosamente.

Soava como um trovão no meio da savana, todos se aquietavam, o medo virava um respeito mortal. 

Anima temia ser chamado de Ânima, sabia que ambas as palavras tinham o mesmo significado, mas Ânima era algo mais íntimo e pessoal, atingia o cerne de sua alma, tinha sua origem nos povos Árabes, descendência de seu velho pai. A história passava de boca em boca no bando, onde contavam sobre uma força divina, que animava todos os seres, tanto homens, como animais, tudo o que tivesse alma no mundo. Por um segundo Anima sentiu que em meio aos seus pensamentos mais profundos, algo lhe apareceu na visão periférica, tentou aguçar a visão, mas a perdeu no céu. 

Sentia-se sozinho, alguma coisa lhe faltava, não havia constituído família, andava com outros leões remanescentes de bandos desfeitos, alguns morreram de velhos ou de fome, outros foram expulsos. Temia por um fim igual. 

Anima escuta dentro do seu ser as mesmas vozes.

_Levante-se, procure!

_Olhe para o céu Anima querido! 

Perguntava-se: Acaso a fome estaria me deixando louco?

O que teria no céu, que aqui nessa terra dura, já não tenha de precário para continuar vivo? 

Ouviu então o temido trovão. 

_Ânima! Erga-se!

_Olhe para o bendito céu! 

O grande leão tremeu... Era a voz do pai, o imbatível Rugitus, nome dado ao patriarca do bando por seu rugido extremamente assustador. 

_ERGA-SE ÂNIMA, AGORA! 

Assustado, sozinho, sentiu-se vulnerável, todos já haviam morrido, o pai, a mãe e a avó, de onde viriam tais vozes? O que queriam? 

_Medite Anima, sinta-se um grande leão, passando suavemente entre os longos galhos da acácia, sinta o seu perfume, suas flores tão cheirosas... Sinta o aroma semelhante ao do alcaçuz. 

_Observe a noite clara, tão iluminada pela lua cheia, ouça os sons chegando aos seus ouvidos, o viço das folhas tocando em sua juba, o orvalho frio da noite africana te chama a olhar o céu. 

_OUÇA ÂNIMA! O grande silêncio clama, olhe o céu estrelado meu filho. 

Anima então percebeu uma constelação no límpido céu, identificou um Leão na formação das estrelas, reconheceu ali o desenho de uma das mais antigas constelações.

Cintilava Regulus a mais forte, a Alfa de todas, era seu pai, o imbatível Rugitus.

Logo detectou Zosma, era a sua avó, a sabia Tellus.

Brilhando docemente viu Denébola, sua mãe Vita. 

Estas três estrelas são as mais importantes dentro da constelação de Leão e atualmente tem incidência sobre o signo de Virgem. A figura que a constelação forma é a de um poderoso leão, mas não um leãozinho qualquer não. 
Formam O Leão Celeste da Constelação de Leão.

O leão é nada menos do que o leão da Neméia, que faz parte da mitologia grega, tendo sido sua morte um dos doze trabalhos de Hércules. 

Anima, estupefato vê um clarão cortar o céu e se acabar por trás da grande e perfumada Acácia. Paralisado vê sair de trás do tronco uma leoa, com a caça ainda entre os dentes. Num gesto de agrado, deposita o alimento frente as patas de Anima. 

A vida, (Vita), renasceria, vencendo a fome, a coragem imbatível trouxe o alimento, (Rugitus) e a união da vida e da coragem, resultaram no surgimento da sabedoria. Tellus dava uma nova chance para recomeçar e dar fim a solidão do grande leão. 

O céu lhe trouxe Neméia, a grande felina, par de Anima, que passado algum tempo, dessa união, gerou o Leão de Neméia, assim chamado por toda a família dos leões, que na verdade, é conhecido entre os humanos que estudam o céu, como “panthera” e engloba vários felinos de grande porte, como o tigre, o puma, a onça e também o leopardo, seus antigos irmãos da infância. 

São eles o verdadeiro símbolo solar, principalmente por conta da cor dourada e da gloriosa juba que é presente nos machos da espécie, às vezes loira, às vezes negra. 

A partir daquela noite, a história registrou o poder da hierarquia familiar dos antepassados de Anima, revivendo suas glórias nos descendentes dessa união. Os homens então passaram a esculpir em seus brasões, estandartes monárquicos e militares, a presença dessas criaturas poderosas, como os grifos, as mantícoras, quimeras, esfinges e muito mais.

Agora seriam os representantes supremos de poder.

Astronomicamente falando, a constelação de Leão é grande, uma das maiores. Suas estrelas são brilhantes, e todas elas podem ser vistas como a força, coragem e liderança presentes nos que nascem sob este signo. 

O grande leão Anima, então dá seu rugido profundo e assustador, toda vez que é lua cheia e um brilho corta o céu. É Anima marcando seu território! 

Dando ALMA a savana.