Nosso amigo bicudo hoje deparou-se
com uma palavra que ele não conhecia, intrigado passou a pousar mais na casa daquelas pessoas que falavam “câncer” de uma maneira acanhada, doída...
Notou que todos se referiam a isso emitindo do peito uma luz sem muito brilho, opaca, difusa, puxando para o negro.
Claro que ele não entende a gravidade deste termo.
Pássaros vivem louvando a vida, o sol, a alegria a liberdade de voar.
Como entender o que tira tudo isso em segundos...
Depois de algumas andanças pelos jardins do bairro, deu um rasante na varanda da moça que escreve poemas.
Passou tão perto de seus cabelos que levantaram alguns fios.
Ela sorriu para ele mas nem se mexeu, tamanha alegria em tê-lo como visita.
_Ela sorriu!! Pensou o bicudo...
_Farei de novo! Zummmmmmmmmm
O menino de penas verdes brilhantes circundou por cinco vezes.
Já era provocação de beijoqueiro!
Por fim ela deu um bom dia!
_Seja bem-vindo a minha casa bicudo!
_Me faça companhia enquanto escrevo!
Mas ele acabou sendo corrido por uma grande cachorra, que se diverte tocando a passarada!
O bicudo ficou ao longe, observando o ambiente.
Os beija-flores são muito curiosos!
São dotados de uma percepção de energias, incrível!
Nunca os enxote, eles só trazem bons augúrios!
De um segundo para o outro a moça da varanda atendeu o telefone, perdendo o sorriso!
O bicudo pousou perto para entender o que se passava.
Os dois ficaram se olhando...
Ele penetrou sua alma e ela mergulhou em seus pequenos olhos.
O beija-flor sentiu o peito apertar e olhou para o coração dela!
A luz foi ficando opaca, o brilho diminuiu e o tom de negro tomou conta de todo o peito!
Ambos sabiam que a notícia tinha sido triste e seus corações pulsavam no mesmo ritmo ansioso!
Ela beijou a palma da mão e lhe mandou um beijo com todo o amor que tinha.
_Vá bicudo, voe para as flores!
_No seu mundo vocês se escondem quando a vida chega ao fim!
_Mas no dos humanos é quando mais ficamos expostos!
O beija-flor deu mais uma volta em seus cabelos e lhe tirou mais um sorriso!
Dessa vez molhado pela lágrima que caía!
O penacho escreveu sua 3ª carta aos homens.
_Não sabemos o que é viver essa palavra câncer, mas sabemos que quando um temporal destrói nossos ninhos, só nos resta fazer outros mais fortes, mais resistentes.
_A reconstrução faz parte do ciclo da vida, um pássaro não para a se lamentar o que perdeu.
Refaz tudo, pois sabe que assim em pouco tempo estará de novo cruzando o céu, livre para voar!
Pássaros são livres e liberdade inclui ter esperanças sempre!
Bicudo voou para seu ninho.
Ficou aconchegado no silêncio da família!
O calor dos demais era o único alimento que queria agora!
Izabel Gonçalves.